Praia do Grant. Foto de Cristiano Zonta
Um projeto de administração cidadã voltado à sustentabilidade socioambiental local pode se
caracterizar como um instrumento politico necessário e forte, dadas as
necessidades de uma atuação política coerente, rigorosa e prudente nos espaços
de vida, nas mais diferentes escalas – da local a planetária. Pensemos Barra
Velha!
Nessa direção, quero pontuar algumas
reflexões sobre como analisaremos nossos candidatos à prefeitura de Barra Velha
para o pleito eleitoral deste ano. Outubro está chegando e antes dele, logo
batem às nossas portas e nas mídias as campanhas eleitorais. Assim, algumas
perguntas podem ser colocadas: dado o histórico político-partidário vivenciado
pelo município nos últimos anos, qual será o discurso dos muitos candidatos que
já se anunciam ao pleito municipal? Será que seguirão a lógica da malfadada
cobrança dos que nada ou pouco fizeram na administração pública, ou discutirão
com respaldo ético e valorativo seus projetos de gestão municipal? E como será
que apresentarão seus projetos? Pela argumentação consistente de diagnósticos
que mostram as reais necessidades de desenvolvimento sustentável e qualificado
do município e de seu povo, ou seguirão o caminho do projeto pastel de vento –
aquele que parece ter muito que fazer, mas que na realidade não passa de
retórica esvaziada de sentido?
De falação e balela estamos todos cheios. O
povo precisa ouvir, ver e sentir que seus futuros representantes podem
construir instrumentos políticos que os permita avançar e se desenvolver nas
múltiplas dimensões da vida – a politica, a econômica, a social, a cultural, a
ambiental, a humana etc. e, neste contexto, entender que quem se dispõe a
representa-lo não é apenas um homem/mulher que sai do povo para o povo, mas que
se coloca como povo, entre o povo e no povo fazendo-o coautor no processo de governança.
Não se pode esquecer nestes tempos que muitos
candidatos, ao contrário de pensar no povo como coautor, pensam no povo como
objeto de exploração, o neo-oprimido – aquele de que apenas se faz uso,
comprando-se os votos por carradas de barro, combustíveis para os carros, gás,
promessas de água, luz e esgoto, necessidades básicas que não devem e não podem
ser vendidas, nem fazer escambo com o voto. Esse povo precisa sim, de um
politico que ouça as suas necessidades de vida e lhe respeite e, a partir desse
exercício de escuta, amplie suas proposições políticas, seus projetos que
construirão instrumentos políticos de atuação cidadã e de compromisso
responsável e justo com a população.
Se hoje se fala em ficha limpa, temos que
pensar em discursos limpos, em práticas de campanhas limpas, em atuação
política limpa. É vergonhoso ouvir candidatos que, ao invés de se focarem no
que podem fazer, focam-se nos fracassos dos pseudopolíticos, ou ainda, tornam
suas campanhas um espaço para lavar as ditas “roupas sujas”, tornando-se também,
pseudocandidatos. Para tanto, o povo, este que se quer coparticipe no governo,
nesse tempo de preparo eleitoral, precisa enxergar a história política do
município como uma escola que prepara consciências para ir às urnas. Precisa
ainda, banir das mentalidades a ideia de que as urnas indicam tempos-espaços de
troca de favores ou de lucrinho imediato.
Por isso, na Saúde, na Educação, na
Segurança, na Infraestrutura, no Turismo, na Economia, na Cultura e no
Desporto, no Campo e na Cidade, quais devem ser e serão os projetos político-partidários
dos candidatos à Prefeitura e à Câmara de Vereadores de Barra Velha que
servirão como instrumentos políticos de emancipação e de promoção humana? Em
quais perspectivas politicas estarão fundamentados e com quais
intencionalidades foram pensados? Fiquemos atentos, pois um projeto de atuação
politica pode construir instrumentos políticos para a libertação ou para o
aprisionamento humano; para alavancar o desenvolvimento ou afundar um município,
uma cidade; redesenhar os ambientes de vida ou torna-lo feio e inabitável;
permitir que o povo atue e se posicione ou repreenda e o exclua etc.
Por fim, mas não finalizando o debate, um
projeto de atuação democrática e voltado à sustentabilidade da vida pode
construir instrumentos político-cidadãos com capacidades de projetar a vida e o
meio aonde ela se desenvolve/desenvolverá para além do que o próprio projeto
intencionou. Tal como a humanidade, as politicas são sempre inacabadas, sempre
devir, sempre possibilidades porque são projeções humanas. É de gente para
gente, não de objeto para objeto, ainda que em algumas vezes seja esta última
prática que parece ocorrer. Pensemos a política. Pensemos Barra Velha. Pensemos
os candidatos que já se mostram. Pensemos e atuemos de forma cidadã e
comprometida.