quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eleições Municipais: pensando as prévias...


Praia do Grant. Foto de Cristiano Zonta

Um projeto de administração cidadã voltado à sustentabilidade socioambiental local pode se caracterizar como um instrumento politico necessário e forte, dadas as necessidades de uma atuação política coerente, rigorosa e prudente nos espaços de vida, nas mais diferentes escalas – da local a planetária. Pensemos Barra Velha!
Nessa direção, quero pontuar algumas reflexões sobre como analisaremos nossos candidatos à prefeitura de Barra Velha para o pleito eleitoral deste ano. Outubro está chegando e antes dele, logo batem às nossas portas e nas mídias as campanhas eleitorais. Assim, algumas perguntas podem ser colocadas: dado o histórico político-partidário vivenciado pelo município nos últimos anos, qual será o discurso dos muitos candidatos que já se anunciam ao pleito municipal? Será que seguirão a lógica da malfadada cobrança dos que nada ou pouco fizeram na administração pública, ou discutirão com respaldo ético e valorativo seus projetos de gestão municipal? E como será que apresentarão seus projetos? Pela argumentação consistente de diagnósticos que mostram as reais necessidades de desenvolvimento sustentável e qualificado do município e de seu povo, ou seguirão o caminho do projeto pastel de vento – aquele que parece ter muito que fazer, mas que na realidade não passa de retórica esvaziada de sentido?
De falação e balela estamos todos cheios. O povo precisa ouvir, ver e sentir que seus futuros representantes podem construir instrumentos políticos que os permita avançar e se desenvolver nas múltiplas dimensões da vida – a politica, a econômica, a social, a cultural, a ambiental, a humana etc. e, neste contexto, entender que quem se dispõe a representa-lo não é apenas um homem/mulher que sai do povo para o povo, mas que se coloca como povo, entre o povo e no povo fazendo-o coautor no processo de governança.
Não se pode esquecer nestes tempos que muitos candidatos, ao contrário de pensar no povo como coautor, pensam no povo como objeto de exploração, o neo-oprimido – aquele de que apenas se faz uso, comprando-se os votos por carradas de barro, combustíveis para os carros, gás, promessas de água, luz e esgoto, necessidades básicas que não devem e não podem ser vendidas, nem fazer escambo com o voto. Esse povo precisa sim, de um politico que ouça as suas necessidades de vida e lhe respeite e, a partir desse exercício de escuta, amplie suas proposições políticas, seus projetos que construirão instrumentos políticos de atuação cidadã e de compromisso responsável e justo com a população.
Se hoje se fala em ficha limpa, temos que pensar em discursos limpos, em práticas de campanhas limpas, em atuação política limpa. É vergonhoso ouvir candidatos que, ao invés de se focarem no que podem fazer, focam-se nos fracassos dos pseudopolíticos, ou ainda, tornam suas campanhas um espaço para lavar as ditas “roupas sujas”, tornando-se também, pseudocandidatos. Para tanto, o povo, este que se quer coparticipe no governo, nesse tempo de preparo eleitoral, precisa enxergar a história política do município como uma escola que prepara consciências para ir às urnas. Precisa ainda, banir das mentalidades a ideia de que as urnas indicam tempos-espaços de troca de favores ou de lucrinho imediato.
Por isso, na Saúde, na Educação, na Segurança, na Infraestrutura, no Turismo, na Economia, na Cultura e no Desporto, no Campo e na Cidade, quais devem ser e serão os projetos político-partidários dos candidatos à Prefeitura e à Câmara de Vereadores de Barra Velha que servirão como instrumentos políticos de emancipação e de promoção humana? Em quais perspectivas politicas estarão fundamentados e com quais intencionalidades foram pensados? Fiquemos atentos, pois um projeto de atuação politica pode construir instrumentos políticos para a libertação ou para o aprisionamento humano; para alavancar o desenvolvimento ou afundar um município, uma cidade; redesenhar os ambientes de vida ou torna-lo feio e inabitável; permitir que o povo atue e se posicione ou repreenda e o exclua etc.
Por fim, mas não finalizando o debate, um projeto de atuação democrática e voltado à sustentabilidade da vida pode construir instrumentos político-cidadãos com capacidades de projetar a vida e o meio aonde ela se desenvolve/desenvolverá para além do que o próprio projeto intencionou. Tal como a humanidade, as politicas são sempre inacabadas, sempre devir, sempre possibilidades porque são projeções humanas. É de gente para gente, não de objeto para objeto, ainda que em algumas vezes seja esta última prática que parece ocorrer. Pensemos a política. Pensemos Barra Velha. Pensemos os candidatos que já se mostram. Pensemos e atuemos de forma cidadã e comprometida.